Ninguém se esquece da repreensão que o presidente da Venezuela recebeu do rei Juan Carlos, da Espanha, em 2007. Em uma importante reunião, o inconveniente Hugo Chávez insistia em falar o que não devia, e na hora errada, e acabou ouvindo um sonoro“¿Por qué no te callas?”
Não é o meu propósito, neste artigo, falar sobre o polêmico presidente venezuelano, mas quero tomar emprestada a expressão usada pelo rei espanhol, a fim de mandar um recado àqueles que, à semelhança de Chávez, falam o que não convém, e na hora errada.
Quem liga a TV, esperando assistir a um programa verdadeiramente evangélico, em nossos dias, depara-se com o quê? Com telepastores, telebispos, teleapóstolos, telerreverendos, telemilagreiros e teleimitadores de telepastores, telebispos, teleapóstolos, telerreverendos, telemilagreiros... Os senhores, que se dizem pregadores do evangelho, não têm temor de Deus? Até quando perderão a oportunidade de falar de Jesus aos perdidos? Se não querem pregar o verdadeiro evangelho, ¿por qué ustedes no se callan?
Até quando teremos de ouvir telepastores falando de eleições, direta ou indiretamente (não estou falando de ninguém, especificamente, mas de todos que se valem desse expediente), desperdiçando um tempo precioso, o qual poderia ser usado, quase que integralmente, para a evangelização ou edificação do povo de Deus? ¿Por qué no se callan? Por que não buscam a Deus e pregam uma mensagem biblicocêntrica, em vez de apresentarem pregações enlatadas, recheadas com muito humor, sarcasmo, triunfalismo, gritos estridentes e ataques a desafetos?
E os astros da música gospel, nos seus mega-shows? Até quando os senhores falarão as mesmas coisas, como “Aleluiaaaaaa...”, “Uhuuuuu”, “Tira o pé do chãããooo”? Até quando cantarão as suas canções antropocêntricas, triunfalistas, desprovidas de louvor a Deus? Seria bom que os senhores não se calassem; quem dera cantassem louvores a Deus! Porém, como vejo que não desejam fazer isso; antes, preferem massagear o ego de seus fãs, sou obrigado a dizer-lhes: ¿Por qué no se callan?
Alguém poderá dizer: “Quem esse blogueiro pensa que é para mandar alguém se calar?” Sou apenas uma voz que clama na blogosfera em defesa do evangelho de Cristo (Fp 1.16). E estou convencido de que tenho de falar contra os engodos dos enganadores, “a los cuales es preciso tapar la boca” (Tt 1.11), posto que eles, por avareza, valem-se de palavras fingidas (2 Pe 2.1-3) para enganar os que não mais sofrem a sã doutrina (2 Tm 4.1-5).
Por favor, não entendam esse ¿por qué no te callas?como uma censura ao ministério que os senhores julgam ter recebido do Senhor. Aliás, eu não duvido de que Deus os tenha chamado. Mas, no momento, os senhores estão mercadejando a Palavra de Deus (2 Co 2.17). E, se é para fazer isso, é melhor mesmo que se calem. O que eu mais desejo, de todo o meu coração, é que os senhores usem o carisma e o talento que possuem em prol da verdade. Mas, querem os senhores fazer isso? Estão dispostos a abrir mão do amor à fama e ao dinheiro?
Se os senhores falarem a verdade, Deus lhes recompensará. Talvez os senhores não vivam regaladamente, como os astros do mundo, porém terão assegurada a coroa da justiça (2 Tm 4.7,8). Espero que reflitam acerca desse ¿por qué no te callas? (frase que, repito, tomei emprestada do rei da Espanha), para que, naquele grande Dia, não corram o risco de ouvir do Rei dos reis um sonoro: “Nunca os conocí; apartaos de mí, hacedores de maldad” (Mt 7.23).
¿Amén?
Hermano Sanches
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Jefté e sua Filha!
Em Juízes 11, a Palavra de Deus apresenta a história de Jeftá (ou Jefté), juiz corajoso e temente a Deus que levou o povo israelita a uma grande vitória sobre os seus inimigos. Antes da peleja com os filhos de Amom, Jeftá fez um voto de sacrificar em holocausto — “... oferta queimada por inteiro” (Dicionário Vine, CPAD, p. 203) — ao Senhor aquilo (ou “quem”, ARA) que lhe saísse ao encontro, quando retornasse vitorioso.
Para sua surpresa, sua própria filha o recepcionou com alegria, deixando-o extremamente frustrado. É aqui que começa o problema teológico, gerando uma verdadeira “guerra santa” entre os teólogos. Afinal, Jeftá ofereceu ou não a sua filha em holocausto?
São muitas as conjeturas teológicas sobre essa passagem, mas as principais são duas: Jeftá conhecia a lei que proibia o sacrifício humano (cf. Lv 18.21; Dt 12.31) e, por isso, não sacrificou sua filha. Ele teria entregado a jovem ao serviço Senhor, tal como o foi Samuel (cf. 1 Sm 1.24).
A moça, portanto, teria sido oferecida em sacrifício vivo, devendo permanecer virgem até à morte, conforme se infere de Juízes 11.37-39. Mas tudo isso é suposição! Nada disso está escrito na narrativa bíblica.
O que, de fato, dizem as Escrituras? É preciso ler com atenção:
1) “E Jeftá votou um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão, aquilo [ou aquele] que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro (...) isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto” (Jz 11.30,31). Qual foi o voto de Jeftá? “... oferecerei em holocausto”.
2) “Vindo, pois, Jeftá a Mizpá (...) eis que a sua filha lhe saiu ao encontro (...) E aconteceu que, quando a viu, rasgou os seus vestidos, e disse: Ah! filha minha, muito me abateste (...) porque eu abri a minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás” (Jz 11.34,35). Jeftá estava disposto a voltar atrás no que votara? Não! Disse: “... não tornarei atrás”.
3) “E ela disse: Pai meu, abriste tu a tua boca ao Senhor; faze de mim como saiu da tua boca...” (Jz 11.36). A filha de Jeftá estava disposta a ser oferecida em holocausto? Sim: “... faze de mim como saiu da tua boca”.
4) “Disse mais ela a seu pai: Faça-se-me isto: deixa-me por dois meses que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade (...) então foi-se ela com as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes” (Jz 11.37,38). Por que a moça choraria tanto tempo, se não acreditasse que o voto seria cumprido do modo como fora feito?
5) “E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha votado; e ela não conheceu varão...” (Jz 11.39). Que voto Jeftá cumpriu? “... o voto que tinha votado”. Ou seja,oferta inteiramente queimada.
6) “... E daqui veio o costume em Israel, que as filhas de Israel iam de ano em ano a lamentar a filha de Jeftá, o gileadita, por quatro dias no ano” (Jz 11.39,40). O cumprimento do voto de Jeftá causou grande comoção entre as jovens israelitas, a ponto de levá-las a lamentar o episódio quatro vezes no ano... Por que lamentariam tanto, se a moça não tivesse morrido?
Essa passagem fica ainda mais compreensível na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA): “Daqui veio o costume em Israel, de as filhas de Israel saírem por quatro dias de ano em ano cantar em memória da filha de Jefté, o gileadita”. Você já viu alguém cantar em memória de quem está vivo?
Portanto, a polêmica em torno dessa passagem é teológica, e não bíblica. A Bíblia é categórica quanto a esse assunto. Porém, algo que deve ficar muito claro é que Deus jamais aceitaria sacrifícios humanos. Jefté ofereceu a sua filha em holocausto porque ele quis, e não porque o Senhor o aceitasse como condição para abençoar o seu povo.
Ciro Sanches Zibordi
Para sua surpresa, sua própria filha o recepcionou com alegria, deixando-o extremamente frustrado. É aqui que começa o problema teológico, gerando uma verdadeira “guerra santa” entre os teólogos. Afinal, Jeftá ofereceu ou não a sua filha em holocausto?
São muitas as conjeturas teológicas sobre essa passagem, mas as principais são duas: Jeftá conhecia a lei que proibia o sacrifício humano (cf. Lv 18.21; Dt 12.31) e, por isso, não sacrificou sua filha. Ele teria entregado a jovem ao serviço Senhor, tal como o foi Samuel (cf. 1 Sm 1.24).
A moça, portanto, teria sido oferecida em sacrifício vivo, devendo permanecer virgem até à morte, conforme se infere de Juízes 11.37-39. Mas tudo isso é suposição! Nada disso está escrito na narrativa bíblica.
O que, de fato, dizem as Escrituras? É preciso ler com atenção:
1) “E Jeftá votou um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão, aquilo [ou aquele] que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro (...) isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto” (Jz 11.30,31). Qual foi o voto de Jeftá? “... oferecerei em holocausto”.
2) “Vindo, pois, Jeftá a Mizpá (...) eis que a sua filha lhe saiu ao encontro (...) E aconteceu que, quando a viu, rasgou os seus vestidos, e disse: Ah! filha minha, muito me abateste (...) porque eu abri a minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás” (Jz 11.34,35). Jeftá estava disposto a voltar atrás no que votara? Não! Disse: “... não tornarei atrás”.
3) “E ela disse: Pai meu, abriste tu a tua boca ao Senhor; faze de mim como saiu da tua boca...” (Jz 11.36). A filha de Jeftá estava disposta a ser oferecida em holocausto? Sim: “... faze de mim como saiu da tua boca”.
4) “Disse mais ela a seu pai: Faça-se-me isto: deixa-me por dois meses que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade (...) então foi-se ela com as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes” (Jz 11.37,38). Por que a moça choraria tanto tempo, se não acreditasse que o voto seria cumprido do modo como fora feito?
5) “E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha votado; e ela não conheceu varão...” (Jz 11.39). Que voto Jeftá cumpriu? “... o voto que tinha votado”. Ou seja,oferta inteiramente queimada.
6) “... E daqui veio o costume em Israel, que as filhas de Israel iam de ano em ano a lamentar a filha de Jeftá, o gileadita, por quatro dias no ano” (Jz 11.39,40). O cumprimento do voto de Jeftá causou grande comoção entre as jovens israelitas, a ponto de levá-las a lamentar o episódio quatro vezes no ano... Por que lamentariam tanto, se a moça não tivesse morrido?
Essa passagem fica ainda mais compreensível na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA): “Daqui veio o costume em Israel, de as filhas de Israel saírem por quatro dias de ano em ano cantar em memória da filha de Jefté, o gileadita”. Você já viu alguém cantar em memória de quem está vivo?
Portanto, a polêmica em torno dessa passagem é teológica, e não bíblica. A Bíblia é categórica quanto a esse assunto. Porém, algo que deve ficar muito claro é que Deus jamais aceitaria sacrifícios humanos. Jefté ofereceu a sua filha em holocausto porque ele quis, e não porque o Senhor o aceitasse como condição para abençoar o seu povo.
Ciro Sanches Zibordi
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