Estou furioso!
"Pelo que estou cheio do furor do SENHOR" (Jr 6.11)
Estou em Lisboa, Portugal, ministrando a Palavra de Deus em algumas igrejas e tenho me encontrado com pastores de outros países da Europa. Um deles recebeu, neste ano, um certo conferencista que, ao ouvir a menção do meu nome, xingou-me, segundo o pastor, de “tudo quanto é nome” e demonstrou estar furioso comigo por causa das minhas abordagens críticas e análises à luz da Bíblia contidas neste blog e em meus livros Erros que os Adoradores Devem Evitar, Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria e Erros que os Pregadores Devem Evitar, editados pela CPAD.
Fiquei um tanto preocupado e decepcionado ao saber que um pastor (pastor?) de renome pronunciara vários impropérios e ameaças contra mim, não tendo nenhum constrangimento em demonstrar a um obreiro o quanto está furioso comigo. Mas, depois de orar um pouco e pensar a respeito do assunto, cheguei à conclusão de que eu também estou furioso...
Estou furioso com a superfluidade que impera no meio evangélico, a qual tem levado muitos crentes a valorizarem o que não tem valor (por exemplo, “revelações” pelo Orkut, falsos milagres, berros ensurdecedores ao microfone, animação de auditório, gracejos sem graça, como “Vai dar um glória ou vai ficar com cara de desviado” ou “belisque o seu irmão até ele dizer aleluia”, etc.) e desprezarem o que verdadeiramente é precioso: a exposição da Palavra.
Estou furioso porque muitos jovens que podiam passar a noite orando e estudando a Palavra de Deus preferem se divertir em baladas gospel... Isso graças ao relativismo, às efemeridades e ao triunfalismo que aprendem de seus cantores-ídolos e super-pregadores, movidos por “nobres” intere$$e$.
Estou furioso com as cantorias intermináveis nos cultos. Às vezes, fico com a impressão de que, se pudessem, alguns obreiros excluiriam a pregação do programa... Não sabem eles que, em seu ministério terreno, o Senhor Jesus mais pregou e ensinou do que cantou?
Estou furioso com os shows e toda a sua parafernália, os quais ajuntam milhares de pessoas, levam-nas ao delírio, mas também as afastam da Palavra de Deus, da manifestação genuína dos dons espirituais, da reverência, da verdadeira adoração em espírito e em verdade, etc.
Estou furioso com as canções e falações antropocêntricas e triunfalistas, que levam os crentes a supervalorizarem o poder de suas declarações de fé, esquecendo-se de depender inteiramente do Senhor e de se submeter a Ele como servos. Essa geração não faz outra coisa a não ser “profetizar” isso e aquilo, na hora em que bem entende... “Somos boca de Deus na Terra”, dizem. Mas a verdadeira voz e autoridade proféticas têm aqueles que valorizam a Palavra de Deus, e não as palavras “mágicas”.
Estou furioso com embaraços e pecados, que tão de perto nos rodeiam...
Mas não estou furioso com nenhuma pessoa! Não estou furioso nem com o Diabo! Afinal, se eu odiá-lo, estarei me igualando a ele! Eu aborreço, sim, as obras de Satanás. Por isso, sigo a Cristo e me sujeito a Ele (Tg 4.7), sendo fiel ao que a Palavra do Senhor diz em 1 João 3.8: “Quem comete pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo”.
Ciro Sanches Zibordi