segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Cantores? ou Artistas Gospel"


Se não bastassem os altos cachês cobrados pelos artistas do denominado movimento "gospel", é comum observarmos que boa parte destes, trazem no bojo de suas apresentações  inúmeras exigências contratuais, que vão da hospedagem em um hotel 05 estrelas, a um camarim recheado de frutas tropicais, alimentação  requintada e bebidas especializadas. Junta-se a isso, o fato de que muitos cantores evangélicos, exigem a contratação de seguranças e carros blindados, cujo objetivo final é não permitir com que os "fãs" se aproximem do artista e do seu staff.

Caro leitor, lamentavelmente temos visto muita gente boa vendendo a alma para as gravadoras e rádios, negociando conceitos e valores, abandonando suas vocações e chamado cristão, pagando assim um preço altíssimo pela fama e o sucesso.

Sinceramente este mercado gospel me enoja! O simples fato de saber que homens e mulheres em nome de Deus se tornaram "artistas gospel" mercadejando a mensagem da Salvação Eterna, me deixa escandalizado. Confesso que não suporto mais ver a paganização do cristianismo, nem tampouco a comercialização da fé. Infelizmente em nome de Cristo, os chamados artistas de Deus se perderam no caminho, optando por atalhos que definitivamente os afastaram do centro da vontade do Senhor.

Diante do exposto pergunto:  Qual a diferença dos chamados artistas gospel para os artistas seculares? Ambos não cobram cachês? Qual a diferença das músicas cantadas? Ambas não são para entretenimento do ouvinte? Qual a diferença entre seus fãs clubes? Ambos não adoram seus ídolos? E quanto as suas canções? Não são ambas antropocêntricas? Ora, vamos combinar uma coisa? Esta historia de artista gospel é uma verdadeira vergonha. Afirmar que seus shows fazem parte de um ministério cristão é no mínimo afrontar o conceito bíblico de serviço.

Ah! Que saudade da boa música, ministrada, cantada, com unção, cujo interesse era simplesmente engrandecer o nome de Deus! Que saudade, do louvor apaixonado, que brotava do peito dos adoradores como um grito de paixão e amor.

Definitivamente a coisa está feia! Minha oração é que o Senhor nosso Deus nos reconduza a sala do trono e que lá possamos adorá-lo integralmente entendendo assim, que a glória, o louvor, a soberania pertence exclusivamente a Ele.

Renato Vargens

"A Globo e o Festival Promessas"



Esse evangelho “globalizado” promete...





Os evangélicos brasileiros estão em festa. Afinal, uma porta hiper-mega-super se lhes abriu! E, a partir de agora, o evangelho “globalizado” entrará nos lares de milhões de pessoas. O clamor dos que diziam “restitui” foi, finalmente, atendidoOs “sonhos de Deus” se realizaram! 

Como Zaqueu, várias celebridades gospel subiram ao palco, no domingo passado, e chamaram todas as atenções para si. Aos críticos restou assistir ao show “entre a plateia”, enquanto os astros festejavam: “Tem sabor de mel, tem sabor de mel”.

Entretanto, eu fiquei um tanto decepcionado com o Festival Promessas... Esperava mais extravagância. O público até que dançou, ao som de ritmos frenéticos. Mas senti falta daquele grupo de dançarinos rodopiando para lá e para cá. Também não houve “unção do leão”, “cair no Espírito” ou encenação de linchamento do Diabo.

Outro ponto negativo: nenhum cantor profetizou que o Brasil seria hexacampeão em 2014. Mas, quer saber qual foi a minha maior decepção? Alguns cantores, por incrível que pareça, falaram de Jesus!


Ironias à parte (pois eu reconheço que elas são irritantes), esperarei um pouco para dar uma opinião mais embasada sobre a aliança comercial estabelecida entre a Rede Globo e os astros do mundo gospel. Mas todos os meus leitores já sabem que não morro de amores pelo evangelho-show. Isso não significa que eu seja contra os cantores e músicos evangélicos — tenho até alguns amigos famosos!

Não quero que me vejam como estraga-prazeres! Oponho-me, na verdade, ao que a Bíblia condena: o secularismo (Rm 12.1,2), o estrelismo (Sl 138.6), o exibicionismo (At 12.21-23), o mercantilismo da Palavra (2 Co 2.17), o ecumenismo (Jo 14.23), o hedonismo (2 Tm 4.10) e tantas outras influências filosóficas constantes do evangelicalismo moderno (2 Co 11.3,4; 1 Tm 6.3,4).

Quem conhece de fato o Evangelho sabe que ele é cristocêntrico, e não antropocêntrico (1 Co 1.22,23; 2.1-5). Como podemos louvar a Deus com hinos (hinos?) feitos para massagear o ego das pessoas, ou mediante composições que priorizam sonhos e promessas, mas nada falam das doutrinas, mandamentos e princípios contidos nas Escrituras? Precisamos voltar a glorificar a Deus com hinos que enalteçam a Jesus e enfatizem a sua obra expiatória.


Deus não prioriza multidões. Ele prioriza a verdade (Mt 7.13,14,21-23). Lembra-se do que está escrito em João 6.51-69? O Senhor Jesus, através do seu “duro discurso”, mandou embora uma grande multidão de interesseiros. Depois que Ele disse a verdade ao povo, restaram apenas os doze apóstolos. E a estes o Mestre disse o quê? “Quereis vós também retirar-vos?” (v.67). Certamente diante de olhos arregalados, Pedro respondeu: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus” (vv.68,69).

Responda com sinceridade, caro leitor: Aquela multidão de evangélicos que compareceu ao festival em apreço estava ali por amor à Palavra de Deus e ao Deus da Palavra? Ela estaria disposta a — como nos dias de Esdras e Neemias (Ne 8.1-12) — ouvir atentamente a exposição das Escrituras?

Permaneceriam aqueles jovens no mesmo lugar, atentos, caso ouvissem um “duro discurso”? Penso que não. Afinal, nos shows gospel, “dá vontade de pular, dá vontade de dançar, dá vontade de gritar, dá vontade de correr”. Só não dá vontade de ouvir a Palavra de Deus.


Assim disse o Senhor: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos” (Am 5.23). 
Duro é este artigo. Quem o pode ler?


Ciro Sanches Zibordi