segunda-feira, 26 de abril de 2010

Por que os jogadores evangélicos incomodam tanto?

FIFA, CBF, alguns jornalistas e jogadores não aprovam a comemoração dos atletas cristãos, a oração após a conquista da Copa das Confederações. Mas por que tanta irritação?

Por Rodrigo Ribeiro Rodrigues
14/09/2009 06:00h
Foi-se o tempo que a moda no futebol era ser jogador baladeiro e indisciplinado.  A cada dia os jogadores têm se conscientizado que a vida promiscua os tem levado a um caminho de ilusões e interesses. A fuga das concentrações, sexo, bebidas ainda faz a cabeça de muitos jogadores, mas eles estão perdendo adeptos. Beto, ex-jogador do Flamengo, São Paulo, Vasco, entre outros, é um dos que deixou para trás a vida de baladeiro: Não deixei de fazer o que gosto, como beber cerveja e ir a pagodes. Mas não é no mesmo ritmo de antes. Agora tenho saído mais com a minha esposa e meus filhos do que com os amigos - contou o marido da Marcela, que é pai de Wallace, adotivo de 22 anos, Joubert Filho, de 12, Pedro Henrique, de 6, e Eloisa, de 2, relatou o jogador ao G1.

Porém, o assunto em questão é: jogadores evangélicos. O auge da discussão foi gerado quando o Brasil foi campeão neste ano da Copa das Confederações, na África do Sul. Após o término da partida, liderados por Lúcio e Kaká, os jogadores fizeram uma roda de oração no meio de campo, e alguns deles usavam camisas com dizeres em homenagem a Jesus Cristo. Até aí normal, não é? Não... pelo menos para a FIFA, CBF, alguns jornalistas e jogadores.

FIFA e Federação Dinarmaquesa

O presidente da Federação Dinarmaquesa, Jim Stjerne Hansen, chegou a declarar que a "religião não tem lugar no futebol". O esbravejo de Hansen fez o presidente da FIFA, Joseph Blatter, se colocar favorável a posição do dinarmaquês. A FIFA acena agora com a possibilidade de proibir qualquer tipo de manifestação religiosa nos gramados.

O famoso jornalista Juca Kfouri pegou pesado no seu blog contra os jogadores evangélicos, sobrou até para mulher de Kaká - o jornalista chegou a chamá-la de enlouquecida e fanática. 'E como o santo nome anda sendo usado em vão por jogadores da seleção brasileira, de Kaká ao capitão Lúcio, passando por pretendentes a ela, como o goleiro Fábio, do Cruzeiro, e chegando aos apenas chatos, como Roberto Brum... É um tal de jogador comemorar gol olhando e apontando para o céu como se tivesse alguém lá em cima responsável pela façanha, um despropósito, por exemplo, com os goleiros evangélicos, que deveriam olhar também para o alto e fazer um gesto obsceno a cada gol que levassem de seus irmãos... Ora bolas! Que cada um faça o que bem entender de suas crenças nos locais apropriados para tal, mas não queiram impingi-las nossas goelas abaixo, porque fazê-lo é uma invasão inadmissível e irritante. Não é mesmo à toa que Deus prefere os ateus', relatou Kfouri em seu blog.


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Já o Diretor de Redação da Revista Placar (especializada em futebol), Sergio Xavier Filho, declarou, ainda que sutil, que Kaká é alma financeira da Igreja Renascer em Cristo. A revista dedicou ainda nove páginas para falar sobre o assunto 'Seleção vira Igreja'. A revista perdeu o tempo para calcular o valor do dízimo que Kaká dá a Renascer desde a época do São Paulo e ainda, também de forma sutil, ironizar os jogadores. Para Luciano Ribeiro, repórter dos jornais santista A Tribuna e o Expresso Popular, o seu colega de profissão Juca Kfouri exagerou nas declarações. O jornalista não viu ainda problema algum, por exemplo, nas comemorações dos jogadores brasileiros evangélicos após a conquista da Copa das Confederações: 'Não vejo problema nenhum (nas comemorações). Cada um sabe a quem e como agradecer. E num momento de conquista é normal o jogador recorrer a Deus porque sempre pensa nos problemas, nas dificuldades... O que eu acho um desrespeito é o jogador levantar a camisa de quem ele está representando, de quem paga seu salário pra ficar fazendo propaganda de sua cidade, de seu bairro, de seu país e até de Jesus', relatou o jornalista.

'Pai de Santo' e treinador x Evangelho

O 'pai de santo e vidente' Robério de Ogum, que já trabalhou muito tempo com Luxemburgo, disse ao Diário Lancenet! , que se o Santos mantivesse no elenco o jogador "Roberto Brum e sua patotinha", como se referiu aos amigos do atleta, a equipe teria um futuro muito ruim. Ele diz que o jogador vivia um momento conturbado espiritualmente, e até relacionou a discussão com Luxemburgo no jogo do Campeonato Brasileiro de 2009 contra o Flamengo, na Vila Belmiro, com essa fase. 'O Roberto Brum tende a ser líder, mas não é. E por querer ser atrapalha o grupo. Se o Vanderlei quiser ser campeão, ele vai ter de fazer uma limpa nessa patota. Quando a pessoa está perturbada espiritualmente isso (discussão) realmente acontece. Que culpa eu tenho de saber que isso iria acontecer' - questiona Robério de Ogum. O pai de santo, além de ter trabalhado com Vanderlei Luxemburgo, é também amigo pessoal do treinador, mas disse que não falou com o técnico a respeito desse assunto.

No mesmo dia que o técnico discutiu com o jogador, coincidência ou não, o Santos anunciou a contratação de Emerson, que já passou pela Seleção Brasileira e estava na Europa. O jogador é da mesma posição que Roberto Brum. Emerson tinha na época 33 anos e não disputava uma partida oficial há quatro meses. Uma semana depois, Roberto Brum foi afastado pela diretoria por imposição do técnico Luxemburgo. Ao ser procurado pelo Portal 'O GalileO', Roberto Brum não quis polemizar, e disse que o mais correto naquele momento era aceitar a decisão da diretoria santista e do técnico V. Luxemburgo, 'Vou continuar trabalhando. Agora é trabalhar e esperar em Deus para que essa situação seja revertida', ressaltou o jogador.
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Com a palavra, os evangélicos...

Para o goleiro Bosco do São Paulo todo esse 'tumulto' em torno das comemorações não o assusta. 'Isso é mais uma forma entre as diversas formas de perseguição. Todo cristão tem que estar preparado para isso. Jesus já havia nos alertado', salientou o goleiro. Para Bosco, comemorações como as de agradecimento que foram feitas na Copa das Confederações não fere ou muito menos insulta a ninguém.

Outro são paulino que se mostra favorável as comemorações é o volante Hernanes. Para ele exaltar a sua fé é muito importante. 'Fico triste com tudo isso, porque se fosse qualquer outra expressão religiosa não causaria tanta polêmica. Eu faço questão de exaltar o nome de Jesus, mas isso não me abala, tudo não passa de uma perseguição enrustida', disse Hernanes ao Portal O GalileO. O técnico Edmilson de Jesus, do Flamengo de Guarulhos, compartilha com a mesma opinião de Bosco. 'Não acredito que as comemorações venham ferir alguém. O cristão deve dar a glória de tudo o que conquista a Deus, essa é nossa fé e o que acreditamos'.

Concluímos que...

A realidade do crescimento evangélico na sociedade incomoda, e parece que esse incômodo invadiu também as quatro linhas e os seus bastidores. O mundo está mascarado de um falso moralismo e por um falso amor. De onde vem o ar que respiramos? De onde vêm os dons que temos? Não seriam eles de Deus, 'Oras Bolas'... Ninguém está tentando enfiar 'goela' abaixo a fé cristã nos corações, afinal 'não é por força e nem por violência, e sim pelo Espírito de Deus'.

Nós somos obrigados a aceitar propagandas, novelas, programas que distorcem totalmente a realidade e influenciam negativamente as famílias, então por que jogadores que foram retirados de um mundo vazio não podem expressar a sua fé? Fique com a sua opinião internauta, mas reflita... não seja uma ?massa de manobra? na mão dos formadores de opinião.

'Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.' (I Cor. 10.31 ? RA). Tudo o que cristão faz deve ser dedicado para a glória de Deus.