sábado, 10 de agosto de 2013

Se acabaram as Serenatas, se foi o Romantismo.






Uma sociedade individualista, de valores invertidos a cada dia que se passa se torna escasso a demonstração do amor. Para aonde foram as flores, os gestos casuais, aonde não precisa de data capitalista para demostrar que se ama.

Equipamentos eletrônicos, o acesso à rede, o distanciamento entre corpos. É perceptível que nos últimos anos o progresso trouxe retrocesso, não para os povos, mas entre os povos. As relações tornaram-se frias, as redes sociais acabaram com o contato interpessoal. Com tanta “informação” o romantismo perdeu espaço. Homens e mulheres tornaram-se a mesma coisa. Substituiu as belas cartas por e-mails frios, mensagens no Facebook e, nos casos mais extremos, “curtidas” e “cutucadas”.

Acabou o jogo da sedução, os beijos são para levar à cama e não mais para encantarem e fazerem o seu parceiro sonhar, fazer daquele momento algo inesquecível. A virgindade, guardar seu corpo para um grande amor, isto virou cafona, saiu de moda. Tratar o companheiro com elegância, tratar uma dama com cavalheirismo, jantar a luz de velas, sonhar, viver... amar.

O sexo não é coisa de pele, serve apenas em números e para satisfazer egos. O jogo do prazer tornou-se significante apenas para si. A inteligência foi substituída por músculos cada vez mais anormais, que instigam a imaginação fértil das fêmeas e machos dominados pela mídia. As meninas querem desfilar com seus ogros, os rapazes exibirem seus troféus com belas bundas e seios. Pouco importa se falam bem o português, aliás falar para quê?

Não existe mais a troca de olhares, exceto por “webcam”. Os relacionamentos são menos verdadeiros e a infidelidade cada vez mais latente, não porque encontram alguém que preencha as brechas deixadas pelos parceiros, mas porque a carne do outro sempre é melhor que a da pessoa que está ao lado, se pintar oportunidade para que negar? O desejo só é verdadeiro até passar o primeiro corpo seminu, alias o mistério da descoberta do outro também se perdeu, não há o que descobrir, pois não precisa ir à cama para ver os contornos, sempre está tudo à mostra.

Cada vez menos se tem conversas, o que dizer dos fins dos cultos nas igrejas, as pessoas não têm mais tempo para conversas, tampouco para sentar e dialogar. As redes sociais suprem essa necessidade, inclusive para encontrar os pares. Para quê o contato com o outro, se conversar pelos bate-papos é bem mais fácil? Se a pessoa quiser, perfeito, se não quiser, não há porque perder tempo se há milhares de outras interessadas, sempre haverá. Conquista? Para quê? Essa gente não sai mais para se conhecer ou procurar um novo amor, saem para “pegar”, quanto mais, melhor. A porta do carro não precisa ser aberta pelos cavalheiros, esses são raros, não importa a porta, mas a marca do carro. A quantidade substituiu a qualidade, mais dinheiro no banco, mais objetos valiosos, etc, etc, etc. 

Em meio a tantas novidades o mundo está seco, sem graça. Tudo é tão mais fácil e ninguém nunca está sozinho. Puro engano. A solidão é mais presente, a depressão é a doença do momento. Esses pós-modernos não sabem cativar pessoas. A tendência é que nos próximos anos a situação piore. Não haverá diferença alguma entre homens e mulheres, exceto pelos órgãos reprodutores. Não haverá mais humanos, apenas máquinas, todas programadas para satisfazerem o sistema castrador. Um mundo sem cultura, sem identidade, sem educação. Com gente que não pensa, que não sente, que não vive. Não haverá espaço para artes, nem para poesias. A música, que inspirara os apaixonados, servirá para o acasalamento apenas. O que dizer das canções com palavras "chulas" que tratam os homens com vulgaridade. 

O mundo ainda não percebeu que a evolução que tanto buscam já findou, a sociedade está fadada a viver no primitivismo digital. Todos isolados nos seus mundos, com falsos amigos ou apenas os virtuais. Ilhados, com muito acesso ao mundo, mas pouco para si mesmos. O pior fim é o que acontece dentro de cada um. Não deixem morrer a poesia, salvem o romantismo, procurem o amor!!

Julio César

www.ministeriojuliocesar.com.br 

DIVISÃO NA IGREJA: REBELDIA DOS CRENTES, VONTADE OU PERMISSÃO DE DEUS?



Muitos pastores assembleianos batem no peito e orgulhosamente afirmam: "Esta igreja não é fruto de divisão nem de invasão!"

Parece-me que eles desconhecem a história da própria igreja que presidem ou cooperam (ou querem apagar alguma mácula ou memória do passado). Pior, parece-me que eles desconhecem a própria história das Assembléias de Deus no Brasil. Podem inclusive estar entorpecidos pelo desejo de ser diferente, de estar acima da média, de ser melhor do que os seus pares, de ser-mais.

As Assembléias de Deus no Brasil, nasceram de uma divisão. A história é clara. Não há nenhum demérito nisto. Em nada este fato diminui o trabalho dos pioneiros, nem de todos aqueles que contribuíram e contribuem para o crescimento da igreja.

O problema do surgimento ou criação de uma igreja não é ter sido resultado de uma "divisão", mas, da causa da divisão.

"Deus, não é Deus de divisão!" bradam alguns. A questão é: de qual divisão Deus não é Deus ? Será que estes tais já leram o texto bíblico abaixo:

"Tendo Roboão chegado a Jerusalém, convocou toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, cento e oitenta mil homens escolhidos, destros para a guerra, para pelejarem contra a casa de Israel a fim de restituírem o reino a Roboão, filho de Salomão. Veio, porém, a palavra de Deus a Semaías, homem de Deus, dizendo: Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá e de Benjamim, e ao resto do povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Não subireis, nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque de mim proveio isto. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo o seu mandado." (1 Rs 12.21-24)

Deus declara em sua palavra que a divisão das tribos foi provida por ele. A versão Revista e Corrigida de Almeida diz "eu é que fiz esta obra". A tradução NTLH relata "foi porque eu quis".

Não é a divisão em si mesma, mas são as causas que promovem uma divisão que importam, que sinalizarão se é necessária ou não, se é aprovada (ou tolerada) ou não por Deus . No caso do texto citado acima, a divisão foi resultado da arrogância, loucura, prepotência e orgulho de Roboão, que o levou a oprimir o povo de Israel (1 Rs 12.1-20).

A postura de Roboão é imitada atualmente por muitos líderes de igrejas no Brasil e no mundo. São agentes opressores que acabam promovendo divisões. No fim, para livrar a cara, chamam os que não suportam ou se indignam com a opressão de rebeldes e facciosos.

No Novo Testamento encontramos um caso clássico de divisão:

"Decorridos alguns dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do Senhor, para ver como vão. Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado Marcos. Mas a Paulo não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha acompanhado no trabalho. E houve entre eles tal desavença que se separaram um do outro, e Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor. E passou pela Síria e Cilícia, fortalecendo as igrejas." (Atos 15. 36-41)

Isso mesmo, Paulo e Barnabé se desentenderam e se separaram. Até homens de Deus se desentendem e se separam. Cada um seguiu o seu caminho. Qual dos dois foi o rebelde? Qual dos dois deixou de ser abençoado por Deus em razão da "divisão"?

Estou aqui fazendo apologia a qualquer tipo de divisão? Deus me guarde disso! Sei que há milhares de divisões promovidas e mantidas por Satanás e seus demônios. Há ainda outras divisões, resultado do desejo cego de alguns homens pelo poder ou para tirar alguma vantagem pessoal da situação. Há também divisões causadas e mantidas por uma vida de baixa moral e testemunho cristão duvidoso daqueles que fazem o "ministérios" ou "liderança". O que afirmo, é que usar o termo "divisão" de forma imprópria, para justificar um sentimento de orgulho pessoal e o desejo de parecer melhor que os outros, é uma falácia e um auto-engano.

E o que falar da Reforma Protestante? O racha no catolicismo romano, promovido pela coragem de Lutero, em face a opressão e aos absurdos doutrinários da liderança católica, do qual todos nós protestantes, de alguma forma somos fruto.

Mas como falava, as Assembléias de Deus no Brasil nasceram de uma divisão ocorrida na Igreja Batista de Belém, no dia 13 de junho de 1911. Uma divisão causada pelo fato de um grupo de dezoito irmãos afirmarem publicamente que criam no Batismo com o Espírito Santo, evidenciado pelo falar em outras línguas. Este fato causou a expulsão do grupo, juntamente com os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren.

Alguém pode afirmar "mas eles não dividiram a igreja, foram expulsos da mesma". Esta afirmação é uma tentativa de atenuar os fatos. Mas por qual razão foram expulsos? Foram expulsos em razão de não negociarem a verdade de Deus. Foram expulsos por não se renderem a pressão sofrida. Foram expulsos por suas convicções inabaláveis.

Para muitos, os nossos pioneiros são os responsáveis diretos pela cisão naquela igreja. São tidos por rebeldes, juntamente com os dezoito irmãos que de lá saíram. O grupo de "rebeldes" cresceu e tornou-se a maior denominação evangélica do país.

Nenhum líder assembleiano, cuja história da chegada e fundação da igreja no Estado ou região está ligada aos acontecimentos em Belém, pode bater no peito e dizer que sua igreja não surgiu de divisão. Se escapar de Belém, acaba não escapando da Reforma Protestante.

Na América do Norte, a Assembleia de Deus tem origem em movimentos separatistas raciais, que se originaram na Igreja de Deus devido às pressões de movimentos sociais que apoiavam a separação entre negros e brancos. Alguns pastores brancos, por volta de 1913, saíram da Igreja de Deus para criarem dessa forma a Assembleia de Deus. Este lamentável episódio foi reparado numa reunião por ocasião do centenário do Movimento Pentecostal, onde os pastores da Assembleia de Deus nos Estados Unidos, simbolicamente, numa cerimônia de lava pés, pediram perdão dos atos passados.

Sobre a Igreja Filadélfia de Estocolmo, responsável pelo envio de muitos missionários para o Brasil, inclusive Joel Carlson (um dos pioneiros da AD em Pernambuco), num recente artigo do Jornal Mensageiro da Paz (Órgão Oficial das Assembleias de Deus no Brasil), número 1.492, setembro de 2009, p. 27, assinado pelo pastor Isael Araújo, nos é informado que:

"Em 1907 o despertamento pentecostal alcançou crentes metodistas e batistas em Estocolmo, a capital sueca. em 1909, mediante a situação em que muitos crentes batistas estavam se afastando de suas igrejas por aceitarem o batismo com o Espírito Santo, o comerciante batista Albert Engzell mobiliou um salão em sua residência, na Rua Uppsala 11, em Estocolmo, para servir como local de pregação. O grupo de crentes que começou a se reunir nesse local, chamado salão filadéfia, organizou-se, em 1910, como Sétima Igreja Batista de Estocolmo, tendo como pregador E. W. Olsson, da Escola Missionária de Örebro, que era totalmente a favor do despertamento pentecostal. E. W. Olsson, pouco tempo depois, desejou regressar a Örebro, a fim de dar prosseguimento a seus estudos. Assim, a igreja, que contava com 70 membros, considerou a necessidade de um pregador cheio do poder de Deus e com seriedade para continuar o trabalho. A escolha recaiu sobre Lewi Pethrus, que ainda servia como pregador na Igreja Batista de Lidköping. ele recebeu o convite em 14 de setembro de 1910, e assumiu o trabalho da igreja no ano seguinte, em 8 de janeiro de 1911, aos 26 anos de idade. No fim de 1913, a Convenção Batista Sueca expulsou ostensivamente Pethrus e toda a sua congregação, porque eles praticavam a ceia aberta. As reais causas de sua expulsão, porém, foram a teologia e a liturgia pentecostal. Surge então, a Filadefiakirkan (Igreja Filadelfia)."

Lendo o texto acima, percebemos que assim como aconteceu no Brasil com as Assembleias de Deus, a Igreja Filadélfia (que enviou vários missionários em apoio as Assembleias de Deus no Brasil) nasceu dos problemas surgidos pela aceitação da mensagem pentecostal por parte de crentes da igreja estatal Luterana e de igrejas batistas, que culminaram com a sua expulsão.

Milhares de irmãos, das mais diversas denominações ou Convenções no Brasil, são chamados de rebeldes, tratados com indiferença, vistos como "leprosos e impuros", "crentes de segunda , terceira, quarta... categoria", por congregarem em igrejas que surgiram da ganância, da opressão e da arrogância de líderes inchados, sectários, pretenciosos, vaidosos e pedantes, que não respeitam o próximo, não sabem conviver com diferenças de opiniões, que não conversam e discutem, que tentam impor a força os seus caprichos ou pontos de vistas. A postura desses líderes, não apenas gera divisão, mas fomenta, alimenta e perpetua as já existentes.

Da próxima vez que falarmos de "divisão", em vez de acusações irônicas e iradas, sejamos mais prudentes e cuidadosos. Deus pode estar diretamente envolvido neste negócio! Em vez de perder tempo e energia com isto, continue pregando o evangelho e cuidando com temor e respeito de suas ovelhas.

Quem sabe, fazendo assim, não evitamos uma nova "divisão"?

SUGESTÕES DE LEITURA

Dicionário do Movimento Pentecostal. Isael de Araújo. CPAD.
História das Assembléias de Deus no Brasil. Emílio Conde. CPAD.
Mensageiro da Paz, ano 79, número 1.492, setembro de 2009. Isael de
Araújo.
Síntese Histórica da Assembléia de Deus em Abreu e Lima. Roberto José dos Santos, Altair Germano da Silva, Dário José de Souza e Esdras Cabral de Melo. FLAMAR.

Pr. Altair Germano.